Já era por demais conhecida a ligação de paraísos fiscais, os “afamados” offshores” à lavagem de dinheiro, seja do tráfico de drogas ilegais, seja da corrupção (activa e passiva), seja do negócio de armas, do tráfico de Seres Humanos ou de algumas outras formas “engenhosos” de roubar a quem trabalha os seus já baixos rendimentos, não sendo, portanto, novidade alguma. Que alguns bancos, mesmo nacionais, andavam metidos em negócios “pouco claros”, também já o sabíamos. O que não sabíamos era que nessa grande pátria de todas as virtudes, os EUA – lembram-se, aqueles que têm 7 bases militares na Colômbia para combater o narcotráfico, um banco pode lavar milhares de milhões de dólares, directamente do tráfico das drogas ilegais e apenas ter uma pequena multa, como é o caso do usamericano Banco Wachovia, recentemente comprado pelo banco Well Fargo.. O Banco Wachovia só “lavou” 380.000.000.000 dólares e por tal foi condenado a pagar 160.000.000, quantia que corresponde a 0,042% do dinheiro lavado. Assim, qualquer crime compensa, não é senhores da alta finança?
A cleptocracia reconhece-se e, naturalmente, apoia-se!
Neste nosso pequeno canto, tivemos os casos BPN e BPP. Em ambos os casos existem indícios claros de roubo organizado mascarados muitas vezes de actos de má gestão, a crer nas notícias vindas a público com base, ao que parece, em despachos de pronúncia do Ministério Público.
Que o ex governador do Banco de Portugal nada tenha visto, sabido, vistoriado, isso não é novidade alguma. Afinal, esses cargos existem para garantir que o sistema funciona bem … para os banqueiros!
Agora, que o Governo de TODOS os Portugueses tenha injectado no BPN após a nacionalização mais de 4.000.000.000 de euros e agora queira vendê-lo por apenas 187.000.000 de euros, essa é obra!
Quem vai pagar a diferença de 3.813.000.000 de euros? Os accionistas do BPN? Os accionistas da SLN? Os administradores na altura do BPN?
É claro que não! Vamos ser nós, o “mexilhão”, os que temos que trabalhar cada ano mais anos para termos a reforma. Os que não conseguimos arranjar um emprego digno, onde se ganhe um salário que garanta a independência, como é o caso dos milhares de jovens, licenciados ou não! Os que ganham o salário mínimo nacional, essa quantia “fantástica” que tanto “assusta o nosso mui querido patronato”, que se passeia nos seus audi´s, mercedes, bmw´s, ferraris e tem férias opulentas em quaisquer paraísos, fiscais de preferência
Mas há perguntas a fazer e não nos devemos calar enquanto tudo não for posto em pratos limpos:
Para onde foi esse dinheiro?
De quem eram as contas que existiam e viram o seu dinheiro ser totalmente devolvido?
Como vão ser responsabilizados os vários criminosos, se o Tribunal decidir que houve crime, sejam eles quem foram, sejam do BPN, sejam da SLN?
Como vão ser responsabilizados os vários gestores bancários que usam a fraude como método?
Como vai ser responsabilizado o Banco de Portugal e a sua administração, pela total inoperância, que não o é por incompetência, ou será que o BCE quereria um Vice-Presidente incompetente?
A cleptocracia existe! Tem tentáculos por tudo que é sitio! E só há uma forma de lhes apanhar o rastro: acabar com todos os paraísos fiscais, com o sigilo bancário, com os benefícios obtidos por vias não comprovadas como legítimas.
Há ainda uma outra saída, não sei se mais demorada ou não, mas seguramente mais eficaz: o Poder Popular, o Socialismo!
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Wall Street lava o dinheiro do narcotráfico impunemente**
Zach Carter*
06.Ago.10 :: Outros autores
António Maria Costa, Director Executivo do Gabinete das Nações Unidas para a Droga e a Criminalidade (UNODC), disse em fins de 2009 à imprensa “que muitos empréstimos entre bancos (empréstimos a curto prazo que os bancos fazem entre si) assentavam em dinheiro da droga”. Porquê, então, admirarmo-nos por se ter descoberto que o Banco Wachovia dos EUA lavou 380 mil milhões de dólares provenientes do narcotráfico, e que a questão ficou resolvida com uma multa que, nem de perto, anulou os lucros das operações ilegais que se vieram descobrir?
«Grande demais para cair» é um problema muito maior do que se pensa. Todos lemos artigos de crítica ao governo por salvar os bancos das suas jogadas de alto risco, mas acontece que o problema do privilégio da Wall Street está muito mais profundamente arreigado no sistema legal dos EUA do que os simples resgates mostraram em 2008.
Os maiores bancos dos EUA podem envolver-se em actividades descaradamente criminosas em grande escala e saírem quase totalmente indemnes. O último e repugnante exemplo vem do Banco Wachovia: acusado de lavar 380 mil milhões de dólares de dinheiro dos cartéis da droga mexicanos, espera-se que o gigante financeiro se safe com apenas uns arranhões graças à política oficial do governo, que protege os megabancos contra acusações criminais.
Michael Smith de Bloomberg [1] escreveu uma revelação devastadora que pormenoriza as operações do Wachovia com o dinheiro da droga e a enviezada reacção do governo. O banco fazia transacções com dinheiro que provinha literalmente das toneladas de cocaína de cartéis da droga violentos. Não se trata de um acaso. Denunciantes internos do Wachovia avisaram que o banco estava a lavar dinheiro do narcotráfico, os manda-chuvas do banco ignoraram-nos totalmente para conseguirem maiores benefícios e o governo dos EUA está à beira de consentir que todos os implicados fiquem impunes. O banco não será acusado, visto que é política oficial do governo não processar megabancos.
Do artigo se Michael Smith:
«Nenhum grande banco dos EUA foi alguma vez acusado de violar a Lei do Sigilo Bancário ou qualquer outra lei federal. Em vez disso, o Departamento de Justiça resolve as acusações criminais utilizando acordos de suspensão das actuações judiciais, segundo as quais o banco paga uma multa e promete não voltar a violar a lei. (…) Os grandes bancos estão protegidos de irem a julgamento, graças a uma variante da teoria “demasiado-grande-para-cair”. Acusar um grande banco poderia provocar uma corrida frenética dos investidores para venderem as acções e provocar o pânico nos mercados financeiros».
O Wachovia foi comprado pelo Wells Fargo em fins de 2008. O castigo do banco pela lavagem de mais de 380 mil milhões de dólares de dinheiro da droga consistirá na promessa de não voltar a fazê-lo e numa multa de 160 milhões de dólares. A multa é tão pequena que é quase garantido que o Wachovia obterá lucros do negócio de financiamento da droga depois de feitas as deduções dos custos legais e das multas.
As autoridades internacionais conhecem a ligação entre banqueiros e narcotraficantes muito para além do Wachovia, mas os governos não fazem nada. Um relatório de 2009 do Bureau das Nações Unidas sobre Droga e Crime estabeleceu que as regras para impedir a lavagem de dinheiro da droga através dos bancos são na sua maioria violadas.
Do relatório:
«Em tempo de quebras dos grandes bancos, os bancos parecem pensar que o dinheiro não tem cheiro. Os cidadãos honestos que enfrentam dificuldades em tempos de crise financeira perguntam-se por que razão não são confiscados os lucros do crime, convertidos em ostentosos imóveis, carros, barcos e aviões».
Em fins de 2009, o chefe desse departamento da ONU António Maria Costa disse à imprensa que muitos empréstimos entre bancos (empréstimos a curto prazo que os bancos fazem entre si) assentavam em dinheiro da droga.
Quando os mercados financeiros paralisaram em 2007 e 2008, os bancos voltaram-se para os cartéis da droga para obterem dinheiro. É possível que muitos bancos importantes não tivessem sobrevivido sem esse dinheiro da droga.
Nota do tradutor:
[1] Bloomberg é o principal web-site norte-americano de informação económica e financeira, sediado em Nova Iorque e com delegações em Tóquio e Londres (www.bloomberg.com/).
* Zach Carter é editor de economia de AlterNet e colaborador da revista The Nation.
** Ver “A Banca e a liberdade comercial… da droga”, Jorge Cadima, odiario.info de 31 de Julho (http://www.odiario.info/?p=1688)
Este texto foi publicado em www.alternet.org/economy/147564/wall_street_is_laundering_drug_money
Tradução: Jorge Vasconcelos
Uma sugestão de leitura:
ResponderEliminarhttp://axisoflogic.com/artman/publish/Article_60818.shtml
Uma apreciação sobre o grau de ingerência dos EUA na política interna de um Estado Soberano e Independente: a Venezuela. Muito interessante.
Cumprimentos.
João Geraldes