A razão de um título, deste título "O Grande Cagaço", prende-se com os acontecimentos que se seguiram ao 25 de Abril de 1974. Aquilo que era para ser - pelo menos para alguns dos seus mentores, um simples golpe de estado, transformou-se nessa mesma manhã numa espécie de revolução, com as pessoas a aderirem, com a felicidade estampada no rosto. Porém, aqueles que viviam debaixo do "guarda-chuva" protector do regime fascista, as grandes famílias dos banqueiros, dos conglomerados industriais, dos seus serventuários, toda essa gente tremeu, borrou-se, acagaçou-se e fugiu, muitos para o Brasil dos Generais igualmente fascistas, outros para a Espanha do assassino Franco. Foram meses de libertação criadora, de empenho na transformação de uma realidade que cheirava a sacristia inquisitorial. Meses em que trabalhadores lutaram e mantiveram inúmeras empresas de pé, contra o boicote de patrões e dos seus "criados". Trabalharam duramente, cumpriram contratos, mantiveram o seu ganha-pão, mas mais do que isso, mostraram que era possível viver a vida de outra forma. Meses de imensa felicidade para quem contruía um mundo novo.
Quanto ao objectivo deste espaço: destina-se à troca de ideias, à partilha de experiências, à análise, à apresentação de inquietações, de dúvidas, à busca de caminhos.
António Machado, esse grande poeta da Espanha Repúblicana, escreveu um dia "Caminante, no hay camino, se hace camino al andar. Al andar se hace camino, y al volver la vis atrás se ve la senda que nunca se ha de volver a pisar". Geraldo Vandré, esse poeta/cantor brasileiro escreveu o refrão desse hino que nos acompanhou décadas a fio "Vem, vamos embora que esperar não é saber, Quem sabe faz a hora, não espera acontecer".
Mais do que fazer a hora, é necessário e urgente passar a palavra da insubmissão aos poderes desta burguesia, que só sonha com a vingança pelo cagaço que sofreu, pelos privilégios que momentaneamente perdeu! Revolta contra essa burguesia mundial, podre de corrupta, que tudo trafica, insensível a qualquer sofrimento humano porque apenas preocupada em garantir as suas margens de lucro, os seus poderes, os seus luxos!
À bandeira de um Mundo Novo, que jamais estará escrito por antecipação porque é na sua construção que se fará o caminho, entrego-me eu, com as capacidades modestas de quem apenas quer participar, mesmo que num só passo da caminhada!
H. Magalhães, em 1 de Agosto de 2010
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