Para os que já têm uma “idadezita” algo mais "volumosa" e estão razoavelmente informados, não é novidade que a NATO nunca patrocinou a democracia, ao contrário do que muito apregoam os seus apaniguados. Nem no passado, nem no presente, nem no futuro, fosse em Portugal, na Grécia, seja no Afeganistão ou na Líbia.
Se provas fossem necessárias, basta ver o papel que o Portugal fascista de Salazar e de Caetano nela desempenharam. Mas se mais provas fossem necessárias, poder-se-ia recorrer ao "exemplar" golpes dos "coronéis" na Grécia, às perseguições na Turquia e, não esquecendo, às ameaças que sob o nosso País dos tempos da Revolução, pairaram.
Democracia para esses apaniguados significa apenas e exclusivamente o poder do Capital exercer-se livremente, com a participação de partidos fantoches, que não representam interesses antagónicos, são pelo contrário faces de uma mesma ideia, a da perpetuação da exploração dos trabalhadores pelos patrões!
O que seria engraçado, se não se tratasse de uma tentativa grotesca e grosseira de manipulação da realidade, é a tentativa de escamotear os interesses económicos que sempre foram a verdadeira razão de ser de tais regimes. Chegam mesmo, aqui nesta nossa lusa Pátria, alguns académicos a discutir se o regime de Salazar e de Caetano era ou não fascista, como se desconhecessem a participação, em maior ou menos grau, da pequena burguesia nos aparelhos de massas, seja a Legião, a Mocidade Portuguesa ou a simples participação nas suas realizações de massas. E, o que ainda é mais demonstrador da vontade política de esconder os interesses económicos existentes, única razão de ser do fascismo, chegam mesmo que não era fascismo, era tão somente um regime duro, serôdio, parolo porque anti-cosmopolita.
Passando à frente e admitindo que não é a designação, por verdadeira total ou parcialmente, que importa. O que importa verdadeiramente é que Salazar e Caetano eram fieis lacaios dos interesses da grande burguesia nacional, eles apenas governaram para que as grandes famílias ligadas aos interesses industriais, bancários e agro-pecuários, fosse na localização geográfica desta Europa, fosse em África, roubassem mais e mais ao Povo, praticando uma exploração inaudita. Tudo a coberto da NATO, a tal que foi criada para defender a democracia, seguramente que a dos patrões industriais, banqueiros e latifundiários.
Passados 37 anos após o 25 de Abril, o que se observa é que são os mesmos patrões industriais, banqueiros e latifundiários a mandar em Portugal, “nomeando” à vez lacaios ora do PS, ora do PSD, ora do CDS para serem os salvadores do momento. Tal como no tempo do fascismo, só que agora com o simulacro de eleições, onde aparentemente todos estão em igualdade. O que não corresponde nem de perto nem de longe à verdade! Ou não é verdade que os comentadores são criteriosamente escolhidos para reproduzirem a “verdade conveniente”? Ou não é verdade que os “jornalistas” mais não fazem do que serem noticiadores dessas mesmas “verdades convenientes”? Ou não é verdade que aos debates é sempre afastada ou, quando tal não é possível por escandaloso” menorizada a presença de perspectivas antagónicas a essa “verdade conveniente”?
Escrevi há algum tempo que a burguesia não tem NESTE MOMENTO necessidade de recorrer ao fascismo ou à ditadura porque o movimento popular está em clara retracção, contínua a resistir mas não conseguiu ultrapassar o “gueto” em que se encontra. Enquanto a burguesia, com a sua panóplia de políticos, de professores catedráticos, de jornalistas, de comentadores, de padres e do aparelho repressivo conseguirem dominar com “suavidade” as reivindicações económicas e políticas do movimento popular, não existirá o risco de uma qualquer ditadura. Mas, à mais pequena dúvida, que ninguém se equivoque, saltará para a arena um qualquer Salazar, um qualquer Hitler, um qualquer fascista, com luvas de pelica ou não, e a repressão será sangrenta. Até porque a margem dessa mesma burguesia será cada vez mais estreita.
A não ser que nos ponham, todos felizes e contentes, a beber água canalizada, em que previamente diluíram pílulas da felicidade!
Ou até que a “populaça” lhes quebre os dentes e assim deixem de morder! Porque esse dia virá, mais cedo ou mais tarde!
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