O título é forte! Seguramente que é! E talvez injusto para um ou outro dirigente sindical dos sindicatos filiados na UGT, mas como diz o Povo, na sua sabedoria ancestral, "quem não quer parecer lobo, não lhe veste a pele"! Mas como de “boas intenções está o inferno cheio” – não que eu tenha qualquer dúvida de que a assinatura do acordo por parte da UGT tenha sido bem intencionada, que não foi, e porque os patrões não são “maus” porque são “más pessoas”, a atribuição à UGT de tal epíteto de “sindicato nacional” deve-se apenas a que persegue o mesmo objectivo que essas criações salazaristas, o da maximização dos lucros empresariais, logo o aumento da exploração dos trabalhadores, tentando-os “capar” pelo medo da repressão!
Perante a actual ofensiva do capital contra os trabalhadores, guerra de classe esta que não está confinada a Portugal, os trabalhadores precisam de aprender a defenderem-se com todos os instrumentos à sua mão, sejam eles quais forem. É que a guerra está aí e quem não for capaz de assumir o combate será irremediavelmente afastado, deitado borda fora. Tal não significa, não deve nem pode significar atirarmo-nos de cabeça para qualquer acção, muito mesmo respondermos individualmente a qualquer acção ou provocação patronal. É tempo de juntar forças, de imaginar com toda a inteligência colectiva a resposta à guerra imposta pelo patronato, assentar-lhes golpes onde a sua força for mais fraca, utilizar a tática de “guerrilha” e só dar luta no campo que soubermos escolher.
O acordo assinado pela UGT, naturalmente que pelos patrões e pelo seu governo também, constitui a maior ataque que os trabalhadores portugueses sofreram desde que existem governos constitucionais. Se já pouco restava de Abril no mundo laboral o quadro criado permitirá aos patrões eliminar o que sobra se a resistência não se souber organizar. Não basta a existência de sindicatos que não traem os interesses dos trabalhadores, esta é uma condição necessária mas não suficiente. É preciso compreender que as condições de desenvolvimento do trabalho sindical na esmagadora maioria dos locais de trabalho vão retroceder para as que existiam no tempo do fascismo, isto é, para clandestinidade. Com patrões a poderem despedir quando querem e muito bem lhes apeteça, situação que de facto é a instituída pelo referido acordo, o medo da perseguição patronal, hoje já uma realidade em muitas empresas, vai-se estender à generalidade delas, fazendo com que os trabalhadores se retraiam totalmente em se empenharem em lutas pela defesa dos seus direitos, com medo do despedimento. A pressão para a realização de acordos locais, via comissões de delegados sindicais, também eles sujeitos à mesma pressão e ao mesmo receio, vai acentuar-se, pelo que a presença de sindicatos em muitas empresas vai tornar-se marginal, a contratação colectiva irá desaparecer a médio prazo, tirando a que é elaborada a contento do patronato e assinada pelos mesmos de sempre, os dirigentes dos novos sindicatos a soldo dos patrões.
Alguns dirão que pinto um quadro negro, que a nossa situação não é tão má quanto isso, etc. Querem que eu vos diga nome de empresas, nacionais e multinacionais, onde ser-se sindicalizado é sinónimo de desemprego na primeira oportunidade? Ou empresas onde a afirmação partidária é totalmente clandestina? Um dos casos que conheço é o de uma multinacional francesa na área dos equipamento eléctricos……
Quanto à argumentação que João Proença ontem utilizou para justificar a assinatura, a das ameaças que o governo terá utilizado, do que não duvido dada a matriz fascizante de toda a sua composição, acrescida da personalidade histriónica do ministro da economia, o tal que é capaz de falar sobre os assuntos mais sérios sempre com um sorriso cínico nas “beiças”, só posso dizer uma coisa: quando um dirigente sindical ou político demonstra tão elevado grau de cobardia, que se abaixa perante ameaças em vez de se erguer e de bater com a porta – sim, a verticalidade é um valor, coisa que esse senhor parece desconhecer, a única coisa decente que deve fazer é demitir-se! Mas resta outra hipótese, na minha opinião muitíssimo mais plausível: os dirigentes da UGT estão de alma e coração com a actual ofensiva patronal, nada diferenciando patrões, governo e tais sindicalistas. Faltará saber qual o “pagamento” que irão receber, agora dos trabalhadores, no futuro dos seus “patrões” patrões!
Pela minha parte, farei o que puder para assistir ao seu enterro!
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