O "nosso" primeiro afirmou alto e com bom som, logo replicado pela comunicação "sucial" da situação, que os Portugueses tinham que empobrecer. Na verdade, o que ele quis e quer dizer é que alguns Portugueses terão que empobrecer, não todos, o que aliás é fácil de comprovar. Como tem sido useiro e vezeiro em "pedir" o nosso esforço, leia-se a nossa perda de salários, etc, querendo significar que apenas nos vai "sacar" mais algo, sempre aos mesmos, sempre aos salários!
Mas, vamos lá por partes, que talvez se chegue a bom porto!
Em primeiro lugar, afirmo alto e em bom som que só pela força me farão participar no "esforço nacional" para tapar os buracos abertos pela corrupção, pelo compadrio, pelos roubos tipo BPP e BPN, pelo nepotismo e pelo enriquecimento de salafrários, entre os quais está muita da "nata" deste País. Para falar depressa e bem, quero que essa gente se f***. Mas sei que em verdade quem se tem f***** somos nós, os que apenas dependem da venda da sua força de trabalho e mais alguns que ainda acreditam que vale a pena produzir em Portugal. Por isso, não me peçam, que eu jamais darei. Só por imposição! Aliás, não será daí que vem o nome "imposto"?
Em segundo lugar, chega de falar por meias verdades, que o resto é sempre mentira. Quando Passos Coelho refere que "temos que empobrecer", não está seguramente a falar dos patrões que se vão aboletar com mais meia hora de trabalho escravo por dia, sem pagarem o que quer que seja mas lucrando aproximadamente 7.000 milhões de euros para os seus "empobrecidos bolsitos". Não está a falar da sobretaxa de imposto prevista no OE para 2012 e relativa às empresas com mais de 10 m€ de lucros, 187 milhões de uros em 11.350 milhões de cortes e aumentos de receita fiscal - corresponde a 1,65 % do total dos cortes e aumentos de receitas! E não está seguramente a falar dos milhões que se pagam aos "pobrezitos" das PPP! Então, está a falar de quem? De quem trabalhou ou trabalha por contra de outrem, isto é dos reformados e dos trabalhadores no ativo e apenas desses. Vejamos:
i)-Se um trabalhador ganha o ordenado mínimo nacional, quando lhe aumentarem o horário semanal das 40 horas para as 42,5 horas, estão a empobrecer quem? Obviamente a diminuir o salário real do trabalhador, pois a meia hora a mais deveria ser paga como extraordinária, logo mais cara que a hora normal, mas nem paga é! Logo, a empobrecer o trabalhador!
ii)-quanto aos trabalhadores do Estado, ao roubarem-lhes o 13º. e o 14º.mês, uma conquista que data do tempo desse vulto da nossa história recente e personagem das mais odiadas pela troupe do dinheiro fácil, o infelizmente falecido Vasco Gonçalves, o governo está a empobrecer quem? Os banqueiros, que se aboletam de grandes somas de dinheiro à custa de juros usurários? Mais uma vez, não, são os trabalhadores do Estado que assim perdem 14 % do seu rendimento, não o patronato, não os banqueiros, esses permanecem intocáveis ou não tenham os seus homens e mulheres de mão em tudo que é governo!
iii) E a Classe Média? Bom, classe média é um género de albergue espanhol onde cabe pelos vistos tudo o que trabalha por conta de outrem e ganha mais do que 485 euros ilíquidos por mês. A Classe Média não existe, nunca existiu e nunca existirá como uma classe social. Existem sim estratos médios, com rendimentos e posicionamentos bem diversos, mas que hoje estão "dispensados (até ver, até ver!!!!) de terem o seu papel histórico de barreira à revolução social. Os técnicos, os quadros superiores, porque cada vez em maior números e com menos empregos, "compram-se" cada vez por um valor mais baixo, isto é, podem cortar à vontade (até ver, meus caros governantes e patrões, que às vezes o "destino" prega partidas), que haverá sempre um disposto à maior das baixezas para arrecadar mais umas migalhitas!
Na verdade, estamos perante opções claras. Os partidos que assinaram o acordo com a troika são, em maior ou menos grau, os mesmos que conduziram Portugal a este beco. Sim, estamos num beco, do qual só sairemos se derrubarmos a parede que nos veda o acesso ao progresso, parede essa feita de homens e mulheres cujo único móbil foi e é o de servirem os seus donos, os senhores do dinheiro. Foram eles que deixaram e até contribuíram de forma ativa para a destruição da nossa indústria, das pescas, da agricultura, sem nada terem criado em alternativa. Estiveram-se nas tintas para os seus concidadãos, apenas lhes interessou o encher a bolsa, o seu e o dos seus amigos e apaniguados. Construir, só construíram o que desse dinheiro às grandes empresas da construção civil, venderam o país ao preço mais baixo, o dos salários de miséria para a esmagadora maioria da população trabalhadora. Aí, foram do mais competente que houve!
A terminar, também acho que precisamos de empobrecer, sem com isso dizer juntar mais uns quantos milhares aos mais de 2.000.000 de pobres que por cá temos. Temos é que sacar o dinheiro indevidamente ganho por gente corrupta, pelos ladrões, alguns dos quais andaram e/ou têm andado à frente dos destinos do País, pelos patrões que praticando ordenados de miséria não deixam de aumentar as suas fortunas e o seu património de forma escandalosa, regra geral depositando grossas quantias de dinheiro em paraísos fiscais, pelos patrões que têm descapitalizado as suas empresas, levando-as muitas vezes a falências fraudulentas, ao mesmo tempo que transferem fortunas para paraísos fiscais e negócios para outras paragens mais lucrativas, etc., etc. Façamos tal e ver-se-á que não serão necessários grandes sacrifícios por parte de quem vendeu e vende a sua força de trabalho, como única forma de encontrar a sobrevivência!